quinta-feira, 21 de novembro de 2013

CONFLITO



CONFLITO


uma emoção absurda me atormenta
a noite se abre e se fecha
como bandeira de guerra
a insônia na minha caserna
em posição de sentido
não me dá tregua
a saudade se queima
se trai na essência
escancara as janelas
mas está presa e pesa
na aragem morna
uma idéia fixa
para o mal me atiça
na esquina da rua sem saída
abandono a luta a concha
e me machuco na ponta da lança
em sangue esmurro o vidro
como inimigo em silêncio
berro todos os medos
ao túmulo vou descendo
em segredo cavo trincheiras
desfilo nos escombros
me devasso
assombro os mutilados
desmonto caveiras e armo:
de surpresa um defunto
uma sombra num abraço
me sorri ironicamente
com várias caras e bocas fechadas
de corpo e alma entrego as armas
sob ameaça e defesa
de mim mesma
nas cinzas remexo
e não encontro mais nada
brasas frias fumegam
o vento sul distante e alérgico
sibila como tísico
e está morrendo comigo...


Marlene Vieira Perez - MPerez - Fpolis, 26/06/2011
Designer DougB

2 comentários:

  1. Obrigada amiga, você tem bom gosto,tb me emociono sempre que leio esta poesia épica, trágica, dramática
    quase lírica na consciência da finitude, um abraço...MPerez 12/12/13

    ResponderExcluir

Deixe aqui suas impressões: