Ode
à Língua Portuguesa
( Num
papo metalinguístico )
I
Com esta
língua que todo mundo critica, vou agora te eleger minha musa no sobrecomum.
Qual delas? Falada, escrita...?
Qual delas é
a minha?
Por que a temem?
Qual será o instrumento? O físico ou o convencional...
E a variante?
Da
brasileira? Da gíria? Da lógica dialógica ou dialética?
Simplesmente
poeta
que se
entrega
sem lógica
desliza
emociona
provoca
entre a plateia
e o palco
paralisa
a vida e a
arte num bloco
se aliviam
Ah uma
mordaça pra esta
lâmina
afiada, hem?!
brilha no Sol
na noite é
estrela
na chuva
vaga-lume
na lua cheia
o vampiro dos
infernos
ao som da
seresta
ressuscita
cemitério
transcende
céus
cai no vácuo
se eleva
num átimo se
levanta
um clarão
sombrio espanta
Odeia e se
vinga?
Não, meu
amigo, poeta é poeta
lambe as
feridas e prossegue
com o melhor
remédio:
dança
sua maior
vingança
carrega uma
orquestra
no papel, na
caneta
espirra
versos de cabeça
drena o
sangue e o espírito
nem sempre
transgride
comemora
estar vivo
- o mago lhe
dita aos ouvidos!??
II
Toda ópera
tem
um prólogo
um
preâmbulo..., um cenário
um tenor, um
bailarino
um epílogo?
todo canto
tem um cisne
o luxo do
lago
o elixir
tinto do seu dia quente
num ameaço de
arte
meio sorriso
amargo
meio verso
Marlene
Vieira Perez
MPerez
São Paulo, 06/12/00