terça-feira, 24 de junho de 2014

SOLIDARIEDADE IMPOTENTE


Sinto comigo a dor profunda
da solidariedade impotente
berro em cada verso
agarro desesperada uma palavra
de apoio
saturada foge
rogo uma praga
mergulho fundo, pulverizado
     - e na trilha meu traço de sangue
corrige o brilho do strass
e conserva o ritmo grave agudo
em alta fidelidade
um ruído (a estourar os tímpanos?)
da chuva no telhado de plástico
da goteira na cozinha anêmica
do pingo de leite na mamadeira
da gota poluída na boca desdentada
do dedo de pinga na goela da vítima
A cirrose escarra a estrofe
num eco previdencial
os coágulos se alinham poéticos
na fila da providência...


Marlene Vieira Perez - MPerez

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui suas impressões: