Num baú,
escondido no sótão
chorava a
boneca
mutilada de
guerra
jogada fora
sem sonho de
reciclagem
seu coração
entupido enfartou-se
por ser
incomodado
pelas aranhas
e
sangue-sugas
e a boneca
safada
safenada por milagre
se arrancou e
safou-se
disposta a
nunca mais
ser boneca de
trapo
espantalho de
ninguém
se remendou a
laser
e voltou ao
sótão
colocou os
trapos e as estopas
pra fora
junto com os
laços de família
queimou tudo
e desvairada
porque não
sabia
aonde colocar
as cinzas
recolheu
nesta folha
apenas os
resíduos
de um veneno
muito
antigo
no ar
suspenso
apenas o medo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui suas impressões: