sábado, 21 de junho de 2014

HORA E MEIA DE TÉDIO NA FACULDADE

Tédio 
(À uma professora de PSICOLOGIA!?)

Jazz primitivo
instrumento nasal
aquilino à la árabe
cabelos desgrenhados
à la marcela galega
ralos uriçados
olhos de ratazana míopes
a espiar por dois antolhos
dentes de coelho sem charme
lábios insípidos magros
queixo articulado num papo
mole antipático

Jazz primitivo incansável
agulha velha em disco arranhado
monotonia harmônica
sem altos nem baixos
mãozinhas de macaca branca
de veias saltadas e unhas de gata
machucadas
traindo madrugada de cio frustrado

Garganta de angolista
flácida
provoca o selvagem
estimula o sádico
arma os dedos do tarado
para uma pressãozinha delicada
sonho mudo de silêncio
contra o barulho exasperante
violentando o fundo das horas preciosas

Roupa de couro
esconde corpo murcho ossudo
pelos tímidos
espaço azulado retorcido
jamais explorado...(virgem?)

Pernas invisíveis
dois cambitos de Serafina
possíveis joanetes brigam
cavam túneis nas botinas
para arejar o provolone
ardido prolongado
em cinco mandioquinhas
quase degoladas
pelo coça frenético desesperado


Imagina a imagem 
o aluno 
e rabisca num cochilo 
a aula de psicologia


Marlene Vieira Perez - MPerez - SP

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