POESIA TRISTE

na rua
na esquina
da cidade
da vila
caída na boca do lixo
Sou poesia triste
cria nua
perdida no ritmo da vida
sem compasso
recolhida aos pedaços
e vendida na praça como escrava
de consumo rápido.
Sou produto: resumo de aluno resíduo público
Sou atriz de novela em preto e branco
Sou cinema mudo de legenda borrada
palco e platéia da boite
do bordel
da favela

Sou feita às pressas
pareço moderna
mas sou muito velha

chacrete desbundada
currada pelo vídeo do operário
funcionário
professor
estudante
de salário faminto
tarado... no mínimo!
Sou a glória da Maria, da Geni
sou donzela com pinta de travesti
consagrada na gíria, na mímica, na palavrinha
da vanguarda roída
comida até as vísceras
batida
explorada
e calada...
porque perdeu a língua

Sou mutilada de guerra
que berra gaga e se confessa:
sô - sou - pô - e - sia tris - te - PÔ!
PÔ - SI A - POXA!
Mas pô - e - sia, pô - e - sia - PÔ!
E mu - mui - to vá - VÁ - VÁ - VÁLIDA!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui suas impressões: