quarta-feira, 17 de outubro de 2012

POESIA TRISTE





POESIA TRISTE





Estou ao vivo
na rua
na esquina
da cidade
da vila
caída na boca do lixo









Sou poesia triste
cria nua
perdida no ritmo da vida
sem compasso
recolhida aos pedaços
e vendida na praça como escrava 
de consumo rápido.
Sou produto: resumo de aluno resíduo público












Sou atriz de novela em preto e branco
Sou cinema mudo de legenda borrada
palco e platéia da boite
do bordel
da favela











Sou feita às pressas


pareço moderna

mas sou muito velha














Sou vedete
chacrete desbundada
currada pelo vídeo do operário
funcionário
professor
estudante
de salário faminto
tarado... no mínimo!















Estou na moda


Sou a glória da Maria, da Geni
sou donzela com pinta de travesti
consagrada na gíria, na mímica, na palavrinha
da vanguarda roída
comida até as vísceras
batida
explorada
e calada...
porque perdeu a língua















Sou mutilada de guerra
que berra gaga e se confessa:
sô - sou - pô - e - sia tris - te - PÔ!
PÔ - SI A - POXA!
Mas pô - e - sia, pô - e - sia - PÔ!
E mu - mui - to vá - VÁ - VÁ - VÁLIDA!









Marlene Perez - Lene

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui suas impressões: