(Gênero: Teatro)
Presente
Mais
uma vez jogada na rua como um caroço de abacate
a
polpa lá em casa passada no liquidificador Walita
completamente
despida na superfície
era
de abrir o chão
meros
reflexos das mãos e das pernas
Balanço
Latejos
contrações rebentos lances da semente
matéria
esparsa película em retalhos...
Arranjo
colagem capa ilustrada trama no arame farpado
avental
estampado de slides.
Revolta histórica
A
vítima da ação reconstitui o drama doméstico da última volta
conduzindo
um carro alegórico. Estaciona em frente a um palanque
improvisado.
Desliga-se da Brasília, esconde a chave e os documentos.
Promotor,
críticos, jurados, multidão curiosa, blocos...Seria o momo
do
juízo final?!
Ninguém
de advogado. Enxame de pilatos.
Primeira evolução
De
dentro dos copos sujos o reboque do esqueleto
sem
alarme ibope guinchos
besuntado
salgado de baba o verde defunto
em
bagaços de fibra ataduras fachada do fruto
recolhido
do lixo remendam fiapos de vida
Segunda evolução
A
navalha de penetra afunda veterana sem ensaio brilha elimina a
estréia
da esperança. Migalhas de creme espirram da máscara
em
duas metades. O mingau na mesa sem um pingo de açúcar. A baga no
piso.
Muitos risinhos de vaia.
Reviravolta
Cadáver
humilhado não se enterra por desmaios. Descobre uma brecha
uma
cova aberta num etecetera. Respira do fundo recria do nada
uma
fábula escapa derruba o espaço agarra o tempo pelo pescoço
entra
de hoje nem uma palavra. Estátuas cegas
embalsamadas. Uma
samambaia
faz sala. Anfitriã de consumo? Sorriso amarelo-limão.
Toda
enxuta. Miss Vareta de plástica traída na queda en-ver-ga-da,
coitada!
Horrível. Num transporte devasso a SURPRESA. A louça
lavada
e seca dentro da máquina nova em silêncio automático.
A
sua cozinha com ares arrogantes de vitrina do Mappin. Uma agenda!!?
No
programa rodízio de pizza, espuma de Brahma. Milk-shake de
lambuja.
Azia. Sal de fruta. Amanhã? Café no bar sabor ressaca,
almoço
de cachorro burguês com todas as pintas latindo pedigree
no
Shopping Center.
Fuga
Despacho
definitivo e sem comentários. Tarde. Muito tarde? Atinge
a
marginal. Treme fareja cobertura pela esquina. Sem referências
nem
vantagens. Que dona louca? Que loucura dona! Miragens
de
vira-lata sem fundo de garantia. Nem sinal da carrocinha. Cobaia
velha
não suporta o avanço da técnica...saturada!? Nem mais filha
era...Só
avó da puta! Vira vira a lata te vira te cobre sozinha dorme
morre
MULHER! Mu-lher? Impasse. Controle remoto.
Mudança de cenário
A
coragem na fila do enterro dos ossos.
Um
lanterninha por milagre. Uma carneira vazia!!?
Reserva
de fidalgo infeliz acomodado às direitas por cima da cara
metade
feliz da vida finalmente? Uma fria!
Insight
A
dignidade no redemoinho da arte
rodopia
gira gira a imagem
traga
por encanto a caveira dramática.
Renega
a gaveta. Entra de alma na pele de um bom fantasma e baila
no
ar, linda de morrer, a flor do abacate.
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