terça-feira, 10 de março de 2020

Nó sem Ponta




Com um nó na garganta
faço jus ao teu silêncio
e agradeço todas as palavras
intensas e formais
guardadas para sempre
na redoma da mente
com unhas e dentes

Com nó na garganta
eu te traduzo o código do meu sono aparente
e te propago aturdida
as sensações dos meus sentidos de vida
e te convido
a assistires mudo e desperto
o vídeo- tape do meu mundo desvirado
e te desafio ao vivo a me acordares
a desatar o laço do orgulho
e a me inaugurares mulher por dentro
sem monumento
altar
registro
a me despires do hábito
a me provares sem medo e limites
na língua
na pele salgada
nas entranhas sublimes e amargas
a me cuspires nua
e a te enxergares envenenado
nesse escarro...

Com um nó na garganta
eu te encorajo a dormir comigo
a rolar na cama imunizado
contra os pesadelos da insônia
a amarrar os preconceitos
com um nó sem ponta
numa só garganta
unida e livre
para o sonho

Marlene Vieira Perez

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