LUTO VIVO
Cada
noite a morte se avizinha
menos
um dia
a
arritmia na calada calma
de
dedos cruzados
adentra
ansiosa
no
silêncio a cova
coruja
aos pios
por
ti suspira
esquecido
no mangue
invadido
pelos cães farejadores
inimigos
travestidos
não
te iludas
tua
sina se aproxima
sairão
todos de guarda-chuva
óculos
negros
horrendos
viúvos alegres
e
tu o extinto, sabes o que é isto?
com
outra grife marca fantasia firma
remédio
genuíno genérico tamanho família
para
pagar às tuas custas
todas
as drogas de vidas dissolutas e frívolas
a
roda-moinho te engole vivo
jiboia
cuidadora
será
teu novo inquilino
não dorme no ponto morto
estão
de olho na tua coberta
liberta
a tua alma escrava coitada
sempre
em vigília assustada
porque
cada noite é a morte aos poucos
para
todos
gargalha
em vida
inverte
o quadro
tu
o fantasma macabro
e eu?
- s'il vous plaît,
vous voulez danser
avec moi la dernière?
- s'il vous plaît,
vous voulez danser
avec moi la dernière?
Marlene Vieira Perez - MPerez - 24/05/2011
Magnífico... Não imaginei que relendo seria sempre inédito seu entendimento...
ResponderExcluirMuito profundo seu comentário e gratificante,coisa de mestre, realmente um poema bem aberto p várias leituras e visões...MPerez
ResponderExcluirApós três anos, relendo este poema consegui entender mais profundamente os últimos versos: o espírito liberto fora da matéria e ainda muito perturbado indaga:E eu? A matéria se incorpora e se divide e convida para uma última dança seu inquilino de muitos anos e dança sozinho para finalmente subir despido e livre. MPerez. 13/02/17
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